Família: A diferença entre ?ter? e ?ser?

Author picture

Compartilhe

Dizem por aí mundo afora que a família é nosso porto seguro, o tão aclamado “Berço Familiar”. E mesmo pra quem não tem um bom relacionamento com sua família, ou algum membro dela, é inevitável perceber que na família sempre teremos um referencial de presente, passado e futuro (quem se é – de onde veio e para onde se vai). Por outro lado, vivemos numa época em que somos impulsionados a sermos todos “iguais”, a pensarmos da mesma forma, ou ainda seguir determinados padrões e tendências, e mesmo que lentamente ou que alguém negue, escravizam o nosso corpo, nossa alma e nossa mente.

As pessoas correm contra o tempo, lembram-me muito aquele coelho maluco de Alice no País das Maravilhas.(Lewis Carroll,pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson,1865). (Se você não lembra ou não faz a menor ideia do que estou falando, veja aqui). (https://www.youtube.com/watch?v=xWXzsAib920).

E nessa corrida desenfreada, infelizmente, muitas pessoas acabam deixando de lado a sua essência, abandonam o convívio com suas famílias e vão abrindo mão de seus valores. A família está “reunida” em casa, mas não estão realmente juntos. É o filho fuçando o celular, o pai vendo televisão, a mãe fazendo tricô.  As tarefas alternadas podem ser as mais variadas, mas dificilmente nos dias atuais, conseguimos ver a essência do berço familiar em ação que é: Fazer as mesmas coisas todos juntos. E prazerosamente.

A relação entre os familiares está barrada pelos componentes tecnológicos da casa e pela falta de diálogo, motivo pelo qual entendo o porquê de algumas pessoas se sentirem tão pegas de surpresa com coisas que deveriam tirar de letra. Família meus amigos, também é uma escola. Quem não passar pelos problemas e perrengues pertinentes a um seio familiar, estará se pré-dispondo a sofrer um pouco mais aqui do lado de fora. Tem coisas que só se aprendem em família não é mesmo?  Nossas primeiras relações interpessoais estão ali, mas acima de tudo e principalmente dessas relações vem à educação, e permitam-me usar novamente um adágio popular, onde diz que: “Educação vem de berço”. Educação, ou você tem ou não tem. E ponto.

Relacionamento familiar é como qualquer outro quanto mais tempo vai se convivendo, mais falamos a mesma língua. A língua da união. Quando todos dentro do seio familiar já sabem como cada um é de todas as formas, até mesmo de trás pra frente, tudo fica mais fácil. Mas pra se ter união é preciso convivência meus amigos. Quem não convive, jamais conseguirá entender o outro membro, quem dirá as pessoas do mundo de fora da família.

As coisas devem começar todas, absolutamente todas, dentro da família. Notem que até coisas engraçadas acontecem em família. A mãe sempre vai dizer que o filho está bonito, mesmo estando horrível. A briga de irmãos pra ver quem fica com a raspa do pote de sobremesa. Sempre vai ter aquele parente chato convidado pro almoço de domingo, que antes de cumprimentar alguém da família, vai pegando a cerveja na geladeira e girando o espeto do churrasco. Família também é praticar a tolerância.

Quanto tempo (e a toa), perdemos por querer que alguém que convivemos dentro ou fora da família seja do jeito que nós queremos? Somos todos tão egoístas as vezes que nem nos damos conta disso. Na família, até com o gesto errado do outro aprendemos, nem que seja que não devemos agir daquela forma. Nunca se aprende tanto como se olhando a própria família.

Entretanto, como vocês bem sabem, porque notícia corre mais que rastilho de pólvora, existem aqueles que têm família apenas por dizer que tem. Não estão nem aí pro “preço da banana na feira”, muito menos pra família. É aquele encosto velho de figueira, esta ali bancando a sanguessuga o tempo todo, não se disponibiliza pra nada, nunca tem tempo pra família ou as coisas pertinentes a ela. Tem tempo pra tudo, pra família tem apenas desculpas. Esses infelizmente só vão dar valor quando perderem, e sinceramente, me recuso a aceitar que seja digno de algum arrependimento. É aquele que não faz o mínimo esforço pra entender as coisas.

O pai pode se matar trabalhando pra comprar o celular, tablet ou computador “último grito da moda”, mas o Mané que ganha tudo de mão beijada, prefere deixar o pai ou avô que já possuem certa idade, pegar fila debaixo de um sol escaldante ou frio de tremer queixo, pra fazer algum pagamento em banco ou lotérica, tendo a ferramenta do internet banking, que facilita em muito nossas vidas. Nem se dispor a tirar o prato sujo da mesa, fartado da refeição que sua família tanto batalhou, não fazem.

É disso que eu falo. Ser família nos dias atuais pode não ser uma coisa fácil, mas temos a obrigação. Fazê-los participarem das nossas alegrias, tristezas, anseios e frustrações, mesmo que para isso tenhamos que ter tempo e paciência. Essas duas palavras somadas culminam em uma só: Dedicação. As pessoas devem achar que nossos pais ou avós tinham essas facilidades todas que temos hoje. Não tinham e fazem de tudo pra que nossa geração possa ter.

Com um arsenal tecnológico cada vez mais imponente dentro de casa, porque os filhos e netos, não inserem seus pais ou avós nesse contexto? As gerações mais novas esqueceram que quem vem depois é que insere a família nesse cenário e não ao contrário. É o novo que precisa trazer o novo! Caso contrário, cada vez que a situação for invertida, rola aquela barulheira toda, onde se acha errado ter alguns costumes a moda antiga. Eu falo sério. Família pra mim é família, é sagrado! Sou daqueles que param de fazer algo pra dar atenção a ela, nos mais diversos casos, compromissos e solicitações.

Eu não tenho apenas uma família, eu SOU família. Faço questão de estar junto, mesmo que por vezes rolem brigas confrontos e desentendimentos. Mas que família não tem isso? Faz parte daquele eterno aprendizado que citei anteriormente. Família é a única instituição o qual você terá sempre crédito, cometa o erro que cometer. Quero ver alguém ter algum argumento pra me fazer mudar de ideia, que é uma coisa bonita ser apegado à família. Não estou me referindo a passar a vida toda por debaixo da saia do pai e da mãe. Refiro-me a aqueles que têm a felicidade de honrarem suas famílias, seus nomes e sobrenomes, que fazem gosto por elas, que são zelosos preocupados e prestativos.

Gosto mesmo das coisas que dizem respeito à família. Irmãos que se amam e se defendem, se ajudam entre si, que fazem questão que seus familiares participem das suas vidas, os mantém inteirados das suas vitórias e por que não, também das suas derrotas. Família serve pra compartilhar tudo, e quem aprendeu que é nela que está o início e o fim de todas as coisas, sempre pensará nela em primeiro lugar, Afinal de contas, se eu não fizer as coisas pela minha família, pra quem mais eu mereço fazer?

Nunca é tarde pra se voltar a sua família. Passe mais do seu tempo junto a ela, insira ela no teu contexto de vida, participe, se envolva. Coloque-a pelo menos em partes da sua rotina. Vá tomar café com a sua vó e aproveite pra falar sobre seu cotidiano, vá à janta de amigos do seu pai com ele, deite ao lado da cama com sua mãe e comente como está sua vida amorosa. Ajude seu irmão mais novo com a tarefa da escola. Se prontifique a fazer o churrasco de domingo. Se tiver namorada deixe-a encarregada de alguma tarefa e vice-versa. Mas não percam tempo, lembrem-se que o coelho do relógio do tempo tem pressa e o tempo passa, inevitavelmente, pra todos. Tenho muitos amigos que dariam mundos e fundos pra ter o pai, a mãe, vô, vó, tio, tia, primos de volta. Alguns amigos, nunca tiveram ou sabem o que é alguma dessas palavras. Então, corre lá e dá o valor que todos merecem. Faz parte do caráter honrar e valorizar a família. Mas se você prioriza mais o seu trabalho, carro, os seus amigos, suas baladas, suas namoradas, do que sua família, você vai me desculpar. Com as facilidades atuais não há como não deixar sua família participar de pelo menos parte de suas coisas. Não seja egoísta. E se alguém ai tiver algum tipo de intriga familiar, peço humildemente que parem e repensem se o motivo é realmente válido e se vale a pena levar adiante. O amor familiar está acima do ego de cada um dentro dela. Se a reflexão for válida, corra abraçar, telefonar ou pedir desculpas. Pessoas de coração pedem desculpas mesmo estando certas. É pro bem de todos, mas principalmente pro bem dela mesmo. É aquele velho paradigma, você prefere estar certo/ter razão ou estar feliz e de bem com a vida?

Dedico essa coluna a minha família toda. E a todos que fazem das suas famílias um motivo a mais pra se orgulharem e seguirem sempre em frente. Honrem suas origens. Convivam, desfrutem e aproveitem cada segundo junto delas. Façam jus a quem sempre daria o sangue e a vida por você. Tenho certeza disso. É muito bonito e gostoso ser família, e pra minha família vai o meu eterno muito obrigado por tudo! Paz e bem, chama que vem e DELE PAU!

Receba notícias, diariamente.

Salve nosso número e mande um OK.

Ao entrar você está ciente e de acordo com todos os termos de uso e privacidade do WhatsApp